As mudanças no setor automobilístico e na manutenção veicular

Há um bom tempo, nos anos 80 e 90, quando falávamos do futuro do mercado automotivo, era comum que imaginássemos carros voadores dotados de inteligência artificial e coisas do tipo. Alguns desses sonhos foram realizados: temos veículos cada vez mais cheios de tecnologia e conforto, com soluções inovadoras para problemas que antes aterrorizavam os motoristas.

O mercado de reparação automotiva conquistou um grande destaque, principalmente há alguns anos, e tem se mantido bastante aquecido. Por ser um mercado de prestação de serviços, é necessário prestar atenção na qualidade do que é ofertado, investindo sempre em qualificação de mão de obra, já que a tecnologia demanda profissionais capacitados para lidar com as novidades. Isso é um estímulo para que oficinas e auto centers sejam mais competitivos, o que traz melhoria para todos.

Evoluções tecnológicas no mercado automobilístico

As oficinas deixaram de lado aquela imagem de desorganização e sujeira, passando a se tornar ambientes que inspiram soluções para os clientes que as buscam. Contudo, a tecnologia tem sacudido o setor da reparação automotiva. Precisamos levar em conta que este é um setor integrante e totalmente dependente da indústria automotiva. Para entender o que acontece é necessário ter um conhecimento sobre o mercado.

As mudanças culturais e a evolução tecnológica fez com que as pessoas passassem a deixar as zonas rurais para habitar os grandes centros populacionais, o que gerou enorme impacto no setor de transportes nas últimas décadas. A mobilidade tornou-se algo necessário para quem habita as zonas urbanas, mas quanto mais espaço compartilhamos, mais difícil fica de se locomover.

Mobilidade urbana

O carro sempre foi a solução ideal para o transporte nas cidades; é rápido e flexível, símbolo de status e liberdade. Mas ter um carro gera uma série de complicações para seus donos: custa caro, além de gastos com seguro, combustível, estacionamento e manutenção constante.

Do ponto de vista coletivo, causam congestionamentos e poluição. Cerca de 75% dos territórios urbanos são ocupados por espaços pensados para veículos. As pessoas chegam a gastar mais de uma hora por dia no caminho de casa para o trabalho, uma rotina cansativa para quem adquire algo cuja função seria facilitar a vida.

Agora existem aplicativos de transporte, além do conhecido transporte público e diversas mudanças de hábitos que inspiram soluções eficientes para a locomoção. Isso serviu de alertas para as montadoras, que passaram a investir em tecnologias para acompanhar essas tendências.

Impactos dos novos tempos na indústria automobilística

O carro perdeu aquele apelo de antes. As pessoas buscam pelos seus benefícios sem necessariamente querer ter um, já que possuir um carro não implica mais em mobilidade rápida. Para sobreviver a este cenário, as montadoras já estão buscando melhorias nos modelos e na forma de ganhar dinheiro com os que são produzidos, investindo em conectividade, carros elétricos e autônomos.

Levando em conta tanta tecnologia aplicada nos carros de hoje, já fica possível visualizar um carro que vai poder detectar sozinho um problema mecânico, solicitar por conta própria a peça de reposição e marcar o serviço com uma oficina devidamente equipada com tal recurso. Vale lembrar que isso não é mais uma utopia, já que existem diversos serviços de monitoramento remoto, ativação do carro à distância por uma central e coisas que antes só víamos em filmes.

Com isso, as montadoras irão deixar de apenas produzir e vender automóveis, tornando-se fornecedoras de serviços, algo que já acontece bastante, como o compartilhamento de carros no Japão. Tais mudanças vão alterar radicalmente os setores relacionados ao setor automobilístico: concessionárias, estacionamentos, seguradoras, oficinas etc. Todos precisarão se adaptar à esse novo mundo

A coleta de dados aliada à reparação automotiva

Os veículos autônomos representam uma grande ameaça para as oficinas mecânicas. Os dados coletados pela inteligência artificial dos carros, como as informações sobre os sistemas, como dito acima, podem expandir as oportunidades de negócios para as montadoras. Alguns modelos já contam com tecnologia que informa aos proprietários quando é hora de fazer a troca de óleo e substituição das pastilhas de freio.

Isso não é baseado na quilometragem, e sim em sensores que monitoram o funcionamento do carro e até mesmo do ambiente externo. A Tesla, por exemplo, consegue detectar 90% dos problemas em seus veículos remotamente.

Com esses dados, as montadoras poderão trabalhar para expandir a gama de soluções aos clientes, oferecendo-as preditivamente. As oficinas teriam, então, que garantir um diferencial para competir. Além delas, isso impactaria as distribuidoras de peças, já que elas não são associadas às fabricantes de carros.

A oficina e o profissional da reparação automotiva do futuro

Há muitos anos, um mecânico era aquela figura que abria o capô e sujava as mãos de graxa para. Hoje, isso não é mais suficiente para identificar os problemas em automóveis com tantos itens eletrônicos inclusos. Só para você ter ideia, alguns carros de luxo possuem até 75 módulos de computador. Por isso é tão importante o auxílio de ferramentas como o scanner automotivo para realizar um diagnóstico completo. Por isso é mais apropriado chamar os profissionais da área de técnicos e não de mecânicos, como estamos acostumados.

Serviço diferenciado

Hoje é possível que você faça todas as suas compras do conforto da sua casa. Porém quando se trata de cuidados com o seu carro, a questão ainda é diferente. Você precisa marcar um horário, solicitar orçamento, deixar o carro e aguardar pela entrega. A tendência agora é o upgrade da agilidade dos serviços em conjunto com a qualificação dos profissionais. Os auto centers e oficinas já estão começando a se preparar para essas demandas que exigem uma adaptação à rotina do cliente, indo até ele com as oficinas móveis. Dessa forma, é possível atender a frotas inteiras sem precisar fazer com que o cliente tenha que ir até você, algo que seria extremamente trabalhoso e demorado.

A adaptação

Todas essas mudanças ainda vão demorar um bom tempo para chegar ao nosso dia-a-dia. A previsão é que elas comecem a chegar no mercado em 2022, podendo ser algo palpável apenas em 2030. Ou seja: é um ótimo período para as oficinas se adaptarem. A curto prazo, elas devem investir em treinamentos constantes e em maquinário de ponta, para se manterem sempre atualizadas junto com as inovações dos veículos a que atendem. Até lá, é bem possível que um técnico de automóveis, os mecânicos de ontem, sejam tão capacitados quanto programadores de computador.

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